segunda-feira, 25 de agosto de 2014

porta aberta, janela fechada.


Havia uma janela, mas sempre houve uma porta.

A janela, apesar de aberta, era apenas aquela abertura que, para que eu pudesse ingressar no outro cômodo (um pouco mais cômodo), eu teria de pular, gatuno e sorrateiro, roubando um lugar que sequer é meu. Não é meu, porque não contempla os meus ideais. Também não é meu, porque não me permito invasões na calada da noite. Muito trabalho para pouca recompensa. Dali eu não tiraria nada. Portanto, era mera invasão. E, num dado momento, eu não quis mais.

E a porta, eu costumava bater com a minha cara nela. Mas batia cara nela porque eu tenho essa péssima mania de socar pontas de facas e minha testa em quinas de mesa. Apenas para tornar a experiência desagradável, neste pensamento provinciano que sempre me acompanha de que eu preciso honrar o papel colado na parede e o destino tecido por terceiros para... mim. Talvez ela estivesse fechada, mas bastava girar a maçaneta, abrir meu melhor sorriso e respirar o ar puro que vem lá de fora (e o quintal é arborizado e não cinza como eu supunha). Quem diria.

No momento que eu fechei a janela, percebi que não poderia viver em clausura.

A maçaneta girou sozinha com três convites para ladrilhar com pedrinhas de brilhante um amanhã tão instável como o de ontem, mas, que, por ora, me permite uma esperança.

Pra que dizer não, com tantos sim dedilhados em violas mansas?

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