segunda-feira, 25 de março de 2013

100.


a estrada segue sem curvas
sem redutores de velocidade
sem indutores de sono
sem fios separando faixas
ou movendo este carro desgovernado.

sem pedras no caminho,
sem fim
cem quilômetros por hora
sem freio de mão
sem papas na língua
cem direções equivocadas.

nenhuma placa indicando a veloz cidade permitida
eu jamais acreditaria nelas de qualquer forma.

no volante monótono,
repouso minha cabeça
desligo o rádio
para cantar sem acompanhamento.

não, não quero notícias
tampouco oras deste desbrasil
nem desbravar desventuras
sem série
sem número
sem obsessões
sem concessões
sem licenças.

miro o mesmo documento
lá está meu nome
mas de quem é este rosto?

quem pode dirigir então?

quem pode digerir
senão
eu?

a estrada segue sem curvas
sem eliminadores de apetite
sem odores característicos
sem cem quilos por um segundo.
sem pesos por um instante.


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