Da província que deixei,
colho os frutos da terra que não arei
e planto apenas abandono.
Hoje, rio de medo
do desacato barato
da enchente de gente
do enxame de vexame
da venda sem venda.
Rio de medo
do estandarte vândalo
do descaso a olho nu
do nu na avenida central
da fome em minha porta.
Rio de medo
do aparelho levado
do leva e traz insosso
do pandeiro alegre e sofrido
da esperança latente nos olhos.
Rio de medo
do rio que transborda emoções
de ter sido acolhido pelas canções
e de ser aceito pelo que sequer sei o que sou.
Rio de medo
Para não chorar de desespero.
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