segunda-feira, 18 de março de 2013

Soledad.


das quarenta e oito horas úteis,
o animal político
não afia suas garras
pelo menos
durante trinta e seis delas.
levanta trôpego de um sonho ruim
no qual estava em uma mesa oval
debatendo-se como peixe fora da prisão.
só.

dos sete dias da semana,
ela foge de uma masmorra imaginária
em apenas um
mas não tem tranças para jogar
a desafortunada rapunzel
apenas o gosto amargo do remédio debaixo de sua língua
que
não tão ferina
é incapaz de alcançar o céu da boca
e contar estrelas fantasiadas de afta.

não há melodia no hoje
a não ser as mesmas músicas do ontem
cuja folha do calendário já foi devidamente reciclada
a fim de tornar o amanhã sustentável.

ou suportável, enfim.

a besta desgarrada
toca de leve a pele do próximo
e
descontrolada
fere com o peso do ferro o já ferido que não é fera:
é brando e repousa as letras na selva do peito.
numa desculpa entredentes e sem pernas sobrepostas,
um boa noite ríspido e mais seco que o deserto em que vive.

de repente, um oásis.

mas não é sempre tudo uma ilusão?

o sonho da fuga do panóptico.

mas o grande irmão vigia.

e só a ele ela tem.

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