deitado nu debaixo de estrelas
em uma sexta-feira inusitada
na qual brinco de oferendas
a deusas que desconheço
mas que me desvirginam
e me fazem pecar em vão:
nada tenho além de uma mão.
da rejeição ao toque
ao transtorno do desatino
desafino
a mesma canção que estou tão cansado de
cantar
ouvir
tocar
gritar
chorar.
de fora do mundo vejo melhor
de dentro do surdo me faço de cego
tiro uma peça solta
e agendo minha próxima paranoia:
ouvir a distância não é melhor que tocar o próximo?
amar o mesmo não é melhor que tentar o próximo?
no conformismo das ideias vãs
a sutileza de uma flor já morta
ainda perfuma o ar.
mas não;
o perfume é artificial
caro,
porém, artificial.
busco em mim o que não tenho no sim:
o que encontro é o desasossego da mesmice
atiro no mundo o que não vejo em casa:
e sigo preso nestas barras imaginárias por idealizar demais.
brinco de libertário,
mas sou escravo do mundo.
deitado sobre uma cama de espinhos
e com os pulsos imóveis pelo que defendo.
na incongruência do eu,
sigo sendo uma extensão do você.
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